Em nota enviada nessa quarta-feira, 13, à redação do Extra de Rondônia pelo ex-servidor municipal Hebert Well, que ocupava a titularidade do setor de Comunicação da prefeitura de Vilhena, um grupo de ex-secretários se manifestou a respeito das declarações do prefeito em exercício, Ronildo Macedo (Podemos), que criticou a saída de titulares das principais pastas da administração por “lealdade” ao ex-prefeito Eduardo Japonês, cassado e afastado do cargo por crimes eleitorais.
A última declaração de Ronildo, criticando a postura dos ex-secretários, aconteceu em entrevista exclusiva ao Extra de Rondônia em visita à redação do site na manhã desta terça-feira, 12. Na opinião dele, a debandada poderia prejudicar o procedimento de transição e o andamento da máquina pública (leia mais AQUI).
Na nota, o grupo cita condenação de Macedo por acusações contra uma deputada federal no início do ano, falam em “temperamento descontrolado” do novo prefeito e garantem que “deixamos os cargos para que Ronildo tenha tranquilidade para nomear sua equipe”.
>>> LEIA, ABAIXO, A NOTA NA ÍNTEGRA:
Embora não desejássemos, os constantes ataques do prefeito temporário nos forçam a responder às ofensas. Será que o prefeito temporário esqueceu das intensas, insistentes e repetitivas críticas graves que fez contra todos os secretários da gestão Japonês? Esqueceu das soluções que ele mesmo já disse ter para os problemas que ele apontava? Esqueceu que usava a tribuna do Poder Legislativo em transmissão ao vivo para toda a cidade e com a imprensa presente para atacar os secretários e seus adjuntos de maneira ofensiva e vulgar?
Ronildo já disse em tribuna e em tantas reuniões, injustamente e sem nenhum fundamento, que: o Boca da Obras fez fraude em licitação; Gilvan da Saúde não sabia o que era dipirona; Jovino da Fazenda aumentou a arrecadação em benefício próprio; Rogério do Saae deixava as lixeiras transbordar; Rogério da Semtran bloqueou de maneira absurda a Jô Sato com Tancredo Neves; Sueli do Planejamento não resolvia as obras de drenagem nem o habite-se; Marcela do Meio Ambiente foi contra a liberação de despejo de esgoto de empresa na galeria pluvial (e ele já tinha nome pra substituir); Amanda da Semed não quis pagar o Fundeb e tirou a gratificação dos professores (e Ronildo disse a ela que a exoneraria e até anunciou na imprensa o nome de quem iria substituí-la); José da Saúde não cuidava da UPA nem do hospital; Vivian da Semter não terminava o plano diretor e não resolvia as regulamentações do uso de solo e código de obras; enquanto na Assistência Social já tinha nome para substituir a Lucélia antes mesmo da posse dele ocorrer; na Comunicação a revogação da cedência do Herbert de imediato foi a mando do Ronildo… E as críticas dele sobre a gestão e os secretários poderiam continuar a ser enumeradas.
Em uma das oportunidades criticou na tribuna da Câmara todos os secretários de uma única vez, de maneira genérica, enquanto foi ao mesmo tempo preconceituoso. Ronildo disse que os secretários não o atendiam e declarou em tribuna: “Não posso ir a uma secretaria municipal que parece que sou um leproso” (não se dando conta que o termo é pejorativo e preconceituoso, bem como a frase em si).
Portanto, como ele pode dizer que queria manter esses secretários que tanto criticou na Câmara, usando a tribuna para toda a imprensa com transmissão ao vivo para a cidade? Se as críticas eram sinceras, deveria estar feliz com a saída de todos para montar seu “dream team” que já poderia estar planejando desde fevereiro, quando houve a primeira decisão no TRE-RO desfavorável a Japonês. Como é evidente que não planejou nada, fica também claro que gestão não é seu forte, embora tentasse emplacar ideias de gestão enquanto legislador, entre um palavrão e outro.
Esses ataques, inclusive, causaram a Ronildo uma condenação no início deste ano, quando Macedo foi acusado de proferir diversos ataques à uma deputada federal dizendo que ela cometia atos criminosos, chamando-a de “bandida”, “picareta” e acusando-a de desviar dinheiro público. De acordo com o site de notícias Rondônia Dinâmica, em sua defesa Ronildo “colocou a culpa no filho menor de idade pela utilização de um aplicativo de celular para disseminar as ofensas contra a parlamentar, alegando que ele (Ronildo) não proferiu os tais xingamentos”.
Cabe ressaltar que dizer que o poder público municipal e o município serão extremamente prejudicados pela saída do corpo de secretários de Japonês leva a duas conclusões: que eles prestam bom serviço à comunidade, contrariando as próprias falas do ex-vereador, e que a atual gestão menospreza todos os milhares de servidores da Prefeitura que, na tese de Ronildo, não são capazes de fazer a gestão continuar bem com a saída dos secretários. Ou seja, a saída de 15 secretários em nada impede o bom andamento dos trabalhos realizados pelos 3,2 mil servidores da Prefeitura de Vilhena, que têm acessos aos sistemas, processos, projetos, planejamentos, planos e todos os encaminhamentos realizados às ações dos próximos meses, muitas das quais, inclusive, já divulgadas publicamente.
O ambiente insalubre e degradante que se forma ao redor dos descomandos de Ronildo em virtude de seu temperamento descontrolado, infelizmente, inviabilizam o bom convívio, ainda mais entre aqueles que são alvo de sua verborragia. Mesmo assim, os secretários permaneceram nas secretarias tempo suficiente para fazer encaminhamentos e transições necessárias, aguardando representantes da gestão temporária, que em alguns casos até agora, quase uma semana após sua posse, ainda não foram providenciados.
Usando o poder que o cargo lhe confere, entrevistas à imprensa do município e sua influência política, o prefeito temporário, sim, de maneira covarde e desproporcional, ataca os ex-secretários que agora voltam às suas rotinas de cidadãos comuns, alguns autônomos, outros servidores públicos efetivos, outros retomam empresas ou negócios pessoais.
Esse tipo de confronto e ataques não é a prática de quem deseja união ou solução de conflitos. Pelo contrário, é o comportamento de quem prefere a ofensa em vez do diálogo, enquanto secretário nenhum jamais usou de qualquer destes meios para lhe desmerecer. Mesmo o vereador Ronildo fazendo oposição sistemática à administração Japonês e a todo seu secretariado, ele sempre foi cordialmente convidado para todos os eventos da Prefeitura, e, repetidamente, era citado nos projetos nos quais tinha participação. Por fim, destacamos que Ronildo sempre teve a abertura para conversar com qualquer secretário ou o próprio prefeito, quando desejasse. Porém, ele escolheu o caminho que vem trilhando até o momento: do confronto desmedido, iniciado unilateralmente por ele próprio. Mas Vilhena não precisa de conflito. O Município quer paz.
Temos certeza que nos dedicamos o máximo no trabalho, fizemos uma gestão correta e entregamos serviços, ações e grandes obras para os vilhenenses, sempre liderados pelo prefeito Eduardo Japonês. Deixamos os cargos para que Ronildo tenha tranquilidade para nomear sua equipe. E diferente do que pensa o prefeito temporário quando nos ataca, para nós, nossa saída dos cargos de secretários demonstra solidariedade com o Japonês nesse momento. Pois sermos gratos com quem nos deu oportunidade não é defeito. É virtude.