CONVENÇÃO
A convenção do União Brasil que homologou a candidatura à reeleição do governador Marcos Rocha, no último domingo, em Porto Velho, contou com a presença de cerca de dez mil pessoas turbinadas pelos apoiadores dos candidatos a deputado federal, estadual, além dos auxiliares de primeiro e segundo escalão das administrações engajadas na candidatura.
FRIEZA
Foi uma convenção bem organizada, sem incidentes e bem comportada. Não havia aquela animação fervorosa de convenções passadas até porque Marcos Rocha resolveu fazer um discurso burocrático, travado e sem maiores apelos. Mesmo assim não diminuiu a importância, visto que rendeu boas imagens para campanha e mostrou um time aparentemente unido, por enquanto. A falta de eloquência nos discursos do governador sempre revela uma característica própria de frieza com que aborda os mais variados temas e fatos. O calor no evento ficou a cargo da temperatura rondoniense que tem elevado os termômetros.
BARRADOS
Embora o MDB já tenha definido por sete votos a cinco adesão à candidatura do governador Marcos Rocha, após a junção dos grupos de Lúcio Mosquini e Valdir Raupp, ninguém do partido foi convidado para dividir publicamente o palanque de homologação da candidatura de Rocha. Coube ao prefeito da capital Hildon Chaves, cuja administração é bem avaliada, todas as atenções e bajulações do governador.
IMAGEM
Ao que parece, o MDB é bem-vindo à coligação do União Brasil desde que seja de forma discreta e sem colar na imagem do partido ao governador Marcos Rocha. Por estas e outras razões nem todas as lideranças do MDB vão embarcar na campanha e as baixas devem aumentar na medida que a campanha começar a se afunilar. Mas a imagem que ficou da convenção de domingo é de que no palanque de campanha de Marcos Rocha o MDB não pode mostrar a fuça.
EXPECTATIVAS
Nas oposições as expectativas estão voltadas no anúncio do ex-senador Expedito Junior (PSD) sobre manter ou declinar a pré-candidatura ao Senado Federal. Apesar de duas derrotas consecutivas ao governo de Rondônia, em ambas o senador foi ao segundo turno com votações acima de trinta por cento dos votos válidos, não logrando êxito no segundo por variadas razões. É sem dúvida uma liderança interiorana com apelo ao homem rural, embora tenha uma limitação de ampliar a votação nos colégios urbanos mais densos e nas faixas econômicas mais abastadas.
AMIGOS
Há uma pressão enorme, inclusive dos desafetos, para que Expedito Junior confirme a candidatura ao Senado para evitar que a sua saída do pleito não mude as estratégias dos concorrentes uma vez que, para onde ele pender, tende a mudar todo o cenário estadual. Os correligionários, principais vetores da pressão, não são capazes de vir a público gravar sequer em suas mídias pessoais as mesmas palavras de apoio que em privado sussurram em seu ouvido. Quem tem amigo assim não precisa de inimigo.
DECISÃO
Junior tem pouco tempo para decidir o caminho político a tomar. É uma decisão exclusivamente pessoal e familiar. Como não é um principiante e com experiência suficiente para seguir o que o coração manda, vai tirar de letra. Independente da decisão, é hoje individualmente a única liderança capaz de desequilibrar as eleições e provocar estragos em muitas candidaturas. Sendo ou não candidato.
TRAIÇÃO
Vem dos apoiadores do pré-candidato a governador Marcos Rogério (PL) a maior pressão para que Junior mantenha a candidatura, desde que solo. Ironia do destino é que o mesmo grupo político que hoje faz juras de amor, aceitou com a maior tranquilidade e sem uma única palavra de desaprovação a traição política do senador Marcos Rogério quando descartou Expedito Junior da chapa para anunciar com pompa o nome do mega empresário Jaime Bagattoli. Até os bagres do Madeira sabem que foi Expedito o responsável em montar o palanque que hoje Rogério vocifera a soberba que lhe é peculiar município afora.
COICE
Não bastasse a traição, agora tentam por canais diversos interferir numa decisão que é essencialmente pessoal e impedir que Expedito Junior seja uma espécie de pêndulo capaz de mudar o rumo de um processo eleitoral cheio de incertezas para os que projetaram trucidar os adversários. Depois de aplicarem o golpe da queda, querem dar o coice, e com a complacência dos “amigos” de ocasião.
SABEDORIA
Junior não é bobo, é experiente e está atento aos movimentos dos bastidores mais do que nunca. Está avaliando os cenários e independentemente das pressões vai tomar a decisão com sabedoria. Poucos políticos de Rondônia como ele têm a capacidade de sobreviver aos percalços que a vida, a política e as traições lhes impuseram nessa trajetória. Não é fácil diluir com rapidez a dor que cada punhalada causou, mas o tempo o forjou com a perspicácia que a militância o moldou e são mais que suficientes para separar o joio do trigo.
ESQUERDA
Em conversa com a coluna Expedito Junior informou que rejeitou ao convite feito por Daniel Pereira e Anselmo Jesus para ser o candidato a senador da chapa das esquerdas. Junior agradeceu ao convite e lembrou que seu eleitor não possui um perfil ideológico das esquerdas, além do que, por duas vezes na disputa ao governo com o MDB, os partidos das esquerdas ajudaram a derrotá-lo. Ressaltou também que sempre votou nos tucanos nas disputas com os petistas. Portanto, não há possibilidade de um acordo neste campo. O resto é lorota.
DIÁLOGOS
Já o pré-candidato Léo Moraes (Podemos), marcou a convenção de homologação para o próximo dia 5, em Porto Velho, às 17 horas, no Talismã. No mesmo dia, em Rolim de Moura, o PP faz a sua convenção confirmando a coligação majoritária com o Podemos, lançando na chapa para a vaga ao Senado Jaqueline Cassol.
DECISÃO
Há negociações para que o PSD, do deputado federal Expedito Neto, também componha a coligação com Podemos e PP. Mas esta adesão não é simples e depende de muitas conversações que aparem ruídos e acalmem os ânimos; além da esperada decisão de Expedito Junior.