VITORIOSO
Embora o governador Marcos Rocha (União Brasil) tenha sido vitorioso na campanha pela reeleição com uma votação excelente na capital, o protagonista deste resultado é sem dúvida o prefeito da capital Hildon Chaves (PSDB) porque foi a principal liderança no estado – ano passado oposição ao governador – que percebeu ainda no início do ano que a candidatura de Rocha era viável e aderiu ao projeto da reeleição, causando uma surpresa nos meios políticos. Com a apuração das urnas e o resultado alcançado pelo governador é possível cravar que a capital foi o colégio eleitoral que fez a diferença nessa vitória de Marcos Rocha.
SENHA
Duas semanas atrás, quando os institutos de pesquisas davam Marcos Rocha e Marcos Rogério empatados, Hildon ligou para este colunista e adiantou que iria entrar de cabeça na campanha e assim o fez dando um volume enorme na campanha de Rocha em Porto Velho, o que assustou o opositor. Na pesquisa seguinte à ação do prefeito da capital, Rocha já aparecia numericamente à frente de Rogério, revelando a força eleitoral que o alcaide construiu com uma gestão arrojada e bem avaliada pela população. Na maioria dos outros municípios vários prefeitos foram aderindo ao governador na medida que as obras estaduais de pavimentação urbana chegavam aos municípios. Mas o apoio explícito de Hildon Chaves foi a senha para que os demais prefeitos saíssem do muro.
ACIRRAMENTO
Mesmo que a última pesquisa do Ipec, divulgada vinte quatro horas antes da eleição, tenha dado a vitória apertada a Marcos Rogério (PL), Marcos Rocha liderou do começou ao final toda a apuração. Mas foi uma disputa apertadíssima onde a força do vencedor foi marcada pela capacidade de reunir no mesmo palanque apoios antagônicos, a exemplo de Hildon Chaves e Léo Moraes.
RANCOR
O deputado Léo Moraes(Podemos) declarou apoio a Marcos Rocha setenta e duas horas antes do pleito, embora nos bastidores já sabíamos que ele não apoiaria Rogério em razão dos sopapos que trocaram no primeiro turno. Léo é um político brilhante, correto e coerente nas posições, mas precisa amadurecer porque cultiva rancor quando é atacado. Cada eleição aumenta o número de inimigos e política não se faz com fígado. Quanto à adesão ao governador, as urnas provaram que fez a melhor opção entre os dois finalistas, já que a neutralidade, defendida por algumas pessoas próximas, era menos arriscada para o seu capital eleitoral numa disputa tão apertada.
PREFEITO
Caberá a Léo Moraes projetar o futuro visando a sucessão municipal da capital, mas para isto tem que se reconciliar com muita gente que enxerga as suas atitudes com desconfiança. Tem tudo para montar um grupo competitivo e disputar a prefeitura de Porto Velho, desde que aprenda a confiar nos parceiros com quem se alia. Precisará também ouvir menos pessoas em seu entorno que trabalham na política alimentando a discórdia e aumentando a desconfiança. É uma excelente opção para a capital, ainda que em volta de Hildon Chaves também existam outras boas opções.
ARTICULADOR
Se há alguém que o governador é devedor da eleição, essa pessoa se chama Junior Gonçalves. Foi ele quem em março conseguiu levar a principais lideranças estaduais para apoiar Marcos Rocha e foi o responsável pelas primeiras tratativas que culminaram com a adesão de Hildon Chaves e Mariana Carvalho. Articulador nato, alvo preferido dos opositores do governo, revelou uma habilidade nos bastidores incomum para quem debutou na política em apenas quatro anos. A coluna já havia comentado sobre a forma competente pela qual o ex-chefe da casa civil utilizou para reunir em torno da candidatura de Rocha tanta liderança. É sem dúvida o principal fiador da reeleição de Marcos Rocha.
TRI
Pela terceira vez Lula vai assumir a presidência do Brasil depois de uma campanha com tantas fake news, uso da máquina e assédios. O país saiu das urnas dividido, mas ganha quem tem mais votos e a vitória de Lula é algo consumado e reconhecido por todos os chefes de estado do mundo globalizado. A multidão reunida na noite de ontem na Avenida Paulista, em São Paulo, para comemoração da vitória do petista, mostra que não foram apenas os votos dos nordestinos que catapultaram Lula para o terceiro mandato. O Nordeste fez a diferença, no entanto, Lula venceu em cidades importantes no Sul e Sudeste, inclusive na capital paulista e gaúcha.
EMBUSTE
Os caminhoneiros, tradicionalmente eleitores do bolsonarismo, fecharam várias rodovias tentando subverter o resultado das urnas manifestada pela maioria dos brasileiros. É um movimento fadado ao ridículo e será dispersado em pouco tempo assim que perceberem não há espaço nenhum para um golpe, conforme exigem. Quem vai pagar a conta deste movimento irracional dos caminhoneiros é a população que não está na rua defendendo essa insanidade. É um movimento truculento liderado por golpistas do embuste. Algumas boas multas e o recolhimento de alguns resolve o impasse. Perderam e vão perder de novo no asfalto.
SILÊNCIO
Recolhido a um silencio sepulcral, após a derrota, Jair Bolsonaro está isolado e não vai reunir forças para golpear a democracia como sempre quis. Ganha tempo para que o caos se instale e tenha que usar a força como pretexto para fustigar o estado de direito. Reconhecendo ou não a derrota, o que importa é que os aliados de Bolsonaro anteciparam o respeito ao resultado das urnas. Não há nada de novo com esse silêncio e a conduta beligerante de Bolsonaro, mesmo provocando suspense nos meios políticos.
TRANSIÇÃO
Pelo comportamento ríspido de Bolsonaro, o processo de transição entre o seu governo e o futuro vai ser um processo prejudicial para os brasileiros, uma vez que somente com a transição civilizada e pacífica é possível o novo governo construir as bases para as mudanças que vão ser feitas e conter os problemas que se avolumam. Mas ato civilizatório é atitude de gente progressista, não é para truculentos.
VIÚVAS
Nas redes sociais os bolsominions amanheceram postando mensagens fúnebres e insultos aos eleitores de Lula. São mensagens, na maioria das vezes, de pessoas que cinicamente exaltavam o nome de Deus, família e pátria. Alegam estar de luto pela derrota. Nada a obstar até porque a nação está de luto desde que foi obrigada a enterrar mais de seiscentas mil pessoas acometidas pela Covid quando seu presidente fazia troça dos infectados. As viúvas de Bozó são as coveiras das viúvas dos mortos pela Covid.