Flori Cordeiro de Miranda Junior – Prefeito de Vilhena/Foto: Extra de Rondônia

Flori Cordeiro de Miranda Junior é um meteoro. Sua “carreira” política tem menos de um ano desde que se filiou a um partido político, o Podemos.

Teve expressiva votação para deputado federal e, quatro semanas depois de ser derrotado para o Legislativo, foi eleito, em 30 de outubro de 2022, prefeito de Vilhena — o mais bem votado de toda a história: 63,14%, ou 30.111 votos.

Na campanha, os adversários insinuavam que o delegado da Polícia Federal era um mero forasteiro. Ele ri. Mas confessa com exclusividade ao EXTRA: “Concordo! Nisso, eles [os opositores] estavam certos. Sou um milagre. Chegar à prefeitura era algo impensável para um forasteiro, mas cheguei”.

Amanhã (1º de fevereiro) faz um mês que Flori está no cargo. E surpreende a população e os bastidores da política em vários aspectos. Primeiro prefeito solteiro de Vilhena — a cidade está sem primeira-dana, o que é uma novidade em toda a história, o chefe do Executivo faz a linha “pop”, desde a sua diplomação. À cerimônia, ele compareceu de jeans e botinas, bem diferente das demais autoridades que vestiam passeio completo.

Chama a atenção alguns hábitos. Com  o biotipo mais jovial do que os seus 43 anos, Flori dispensa sempre que possível o uso de carro oficial. Em vez de Hilux, anda de bicicleta. A “magrela” fica estacionada na antessala de seu gabinete.

O paulista de Capão Bonito [cidade de 47 mil habitantes, a 476 km da capital] conserva um forte sotaque do universo caipira [cultura viva desde o Brasil Colônia] e gosta de chamar a todos de “senhor(a)”, até mesmo as crianças. Faz parte da sua formação conservadora.

Delegado Flori — como agora a cidade inteira o conhece — não tem nada dos policiais de antigamente. Começando pelo semblante alegre, os modos educados e algo que ele traz na ponta da língua como prioridade. “Mais do que obras, do que ferro, do que concreto, eu acredito que o verdadeiro progresso é o refinamento do gosto”, filosofa, repetindo a frase que já lhe serve de mantra.

Mas como assim refinar o gosto? O que seria isso? O prefeito-delegado defende a cultura. É o primeiro político que chega à prefeitura falando em construir teatro e fez questão de visitar a Casa de Rondon, marco-zero da cidade. Gosta de literatura e de história, lê livros [raridade no milênio atual] e busca com muito respeito conhecer as raízes de Vilhena. Isso não é pouco. Deveria ser algo comum, mas não é.

Dar visibilidade à cultura não é o mesmo que não se embrenhar nos setores triviais da administração pública. Saúde, educação, obras. Ele tem mexido em tudo. E esse tudo é sempre um vespeiro que divide opiniões e nunca está a contento, totalmente, da população. É o caso da intervenção feita na saúde, surpreendentemente, depois de ele decretar estado de emergência na pasta.

A questão da saúde é o fato mais polêmico até o momento que tem Flori como protagonista, dividindo opiniões. Tem quem defenda, outros estão em suspense querendo ver os resultados, alguns contestam e até ameaçam judicializar a decisão radical que entregou a gestão da saúde do município a uma entidade de São Paulo. O tempo dirá!

“Eu quando tomei assento na cadeira de prefeito vi que existem duas coisas, basicamente, a se fazer aqui. Fazer política ou fazer o certo. As duas não cabem no mesmo espaço. Decidi fazer o certo, mesmo que isso encerre no ano que vem a minha breve vida política”, reflete Flori, sentado em frente da bandeira de Vilhena que testemunha tantos entrarem e saírem daquele velho gabinete. “Eu quero sair deixando uma história. Trabalho para isso”, avisa. E, em 2024, pretende ser candidato à reeleição? “É uma possibilidade”, sinaliza.

COMO EXPLICAR A VITÓRIA?

O fenômeno Flori até agora não foi completamente digerido. Nem mesmo pela classe política. Mas como, afinal, ele venceu as eleições? Foi a reboque da “onda Bolsonaro?”

O próprio prefeito responde. “Eu tenho consciência de que os votos não são meus, inteiramente. Houve uma saturação da classe política tradicional. O peso da instituição [Policia Federal], da credibilidade que isso [de ser delegado] proporciona, ajudou”, discursa.

MAIORIA ESTÁ OTIMISTA E AVALIA POSITIVAMENTE A ADMINISTRAÇÃO

Sem a pretensão de uma pesquisa ou enquete com critérios científicos, o EXTRA DE RONDÔNIA ouviu 67 pessoas [todas eleitoras em Vilhena, pelo WhatsApp] com a finalidade de debater a atual gestão do município e criar um parâmetro para medir como ela está sendo percebida.

A amostragem não foi direcionada por faixa etária [foram entrevistados eleitores de 16 a 71 anos] e nem indagou a classe social dos ouvidos. A maioria (42) mora em diversos bairros da periferia, outros 18 na região central, 4 no setor chacareiro e 3 em condomínio fechado.

As abordagens aleatórias ocorreram entre 26 e 29 de janeiro, fazendo apenas três  perguntas objetivas:

1) Você está otimista em relação à administração do prefeito Flori?

Respostas:

(36) Sim

(15) Não

(11) Indiferente

(05) Não sabe

2) Como você avalia o primeiro mês de mandato do prefeito?

(27) Ótimo

(13) Bom

(17) Regular

(10) Ruim

(0) Péssimo

3)O que mais marcou, para você, neste curto período de administração do prefeito Flori? (Respostas espontâneas sem sugestões)

(41) Terceirização da saúde

(08) Uso de detentos em obras

(04) Mudanças de secretários

(03) Exonerações/demissões

(03) Anúncio de salários melhores na Educação

(02) Mais seriedade política

(02) Não mudou nada

(01) Muita polêmica

(01) Está perdido

(01) Distanciamento dos vereadores

(01) Não conhece Vilhena

sicoob

COMUNICADO: Atenção caros internautas: recomenda-se critérios nas postagens de comentários abaixo, uma vez que seu autor poderá ser responsabilizado judicialmente caso denigra a imagem de terceiros. O aviso serve em especial aos que utilizam ferramentas de postagens ocultas ou falsas, pois podem ser facilmente identificadas pelo rastreamento do IP da máquina de origem, como já ocorreu.

A DIREÇÃO