Jaime Bagattoli/Foto: Extra de Rondônia

A partir desta quarta-feira, 1, o município de Vilhena pode se gabar de ter um senador para chemar de seu.

Jaime Bagattoli (PL) assume a cadeira, depois de quase uma década que a região do Cone Sul de Rondônia ficar sem, sequer, um representante no Congresso Nacional; o último foi o então deputado federal Natan Donadon (MDB), cassado em agosto de 2013.

Além de Natan, o sul do Estado só elegeu mais um deputado federal em toda a história: o militar Arnaldo Lopes Martins (PMDB), em 1986. Em 2001, durante onze meses, o vilhenense Chico Sartori (PSDB) também assumiu uma vaga no Senado — ele era suplente e ficou  com a vaga depois de uma batalha judicial.

Catarinense, o novo senador Jaime Maximino Bagattoli nasceu em 1961 e chegou criança em Rondônia. Tinha apenas 13 anos quando começou a trabalhar na serraria da família, em Vilhena.

Veio pobre, tornou-se milionário lidando no setor madeireiro que vivia seu ápice na década de 1970; migrou para os postos de gasolina e, principalmente, tornou-se o maior produtor individual de soja em todo o Norte do Brasil e figura entre os maiores exportadores de grãos do país.

Dono de terras a perder de vista, aviões, milhares de cabeças de bovinos, implementos importados de alta tecnologia…  Além da soja, o presidente do Grupo Bagattoli atua no confinamento bovino e na pecuária extensiva.

Mesmo com toda a abastança, ele mantém-se simples no jeito de falar; é um homem do interior com sotaque catarinense, apesar das décadas em que está enfronhado na Amazônia.

Defensor veemente e radical do agronegócio, que lhe conferiu prestígio, Jaime Bagattoli tornou-se político de extrema direita, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), isso depois de militar em partidos como PSB, PDT, PSDB e MDB. Hoje, não pode nem ouvir falar nestes partidos “comunistas” [como são rotuladas as siglas pelos seus atuais desafetos].

Nas últimas eleições, em 2022, Jaime obteve votação recorde que, dificilmente, será batida algum dia: 72,18% dos votos em Vilhena; no geral, ele obteve 35,80% dos votos em todo o Estado, disputando com outros seis nomes para o Senado.

Foi a segunda vez que disputou um cargo eletivo. Em 2018, filiado ao PSL de Bolsonaro, ficou em terceiro lugar. Na época, seu partido era um “nanico” que nem tempo de TV tinha no programa eleitoral gratuito.

Jaime é casado com a ex-vereadora e ex-secretária de Educação em Vilhena, a pedagoga e advogada Sandra Mello. Ela atuou como uma espécie de mentora política do novo senador. Antes, ele não tinha experiência no meio político, embora filiado a partidos de centro e de esquerda, até conhecer o bolsonarismo que o fascinou e mudou sua percepção de política. Como fé com milhões de brasileiros.

O  HOMEM DO AGRONEGÓCIO

Jaime Bagattoli é fruto de uma ideologia — nacionalista de direita — e de um segmento: o agronegócio. Setor criticado por muitos que o veem como predatório. Como é que o senador estreante vê e defende o agro? Ele mesmo responde abaixo:

“Quando chegamos na Amazônia foi com o incentivo do próprio governo federal, que na década de 1970 tinha o bordão “Integrar para não entregar”. Aceitamos o desafio de nos instalar numa terra inóspita, sem confortos, nem rodovia existia e nem cidades. Eram vilas desestruturadas. Vilhena tinha no máximo 1400 habitantes e pertencia a Porto Velho, a 700 km. No começo lidamos com serraria, que era a principal atividade econômica daqui. Depois que começamos a mexer com posto de gasolina e  no agronegócio. Os produtores conseguiam fazer milagre produzindo, fazendo correção de solo, investindo em tecnologia. Eles eram heróis, inclusive reconhecidos pelo governo, condecorados e aplaudidos pelo pioneirismo. Havia concurso dos maiores produtores. Fomos atraídos para esse segmento  e começamos a atuar na agricultura e na pecuária, porque era e é a nossa vocação. Tudo foi construído com muito trabalho. Aí, houve um tempo que começou a haver uma inversão de valores, criminalizando quem produz e mantém esse país de pé. O que seria do Brasil sem a agricultura? Onde a agricultura é colocada em segundo plano há pobreza, desemprego, os problemas sociais são mais agravados”.

sicoob

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