As eleições municipais só ocorrerão em 2024. Mas, nos bastidores, a “correria” já é intensa. Os grupos políticos se organizam para apresentar nomes à sucessão do prefeito Flori Cordeiro, o Delegado Flori (PODE).
O interesse em ocupar a cadeira principal do Executivo começa dentro do próprio partido do delegado-prefeito. Além de Flori, o Podemos tem outros dois nomes com potencial: o presidente da Câmara, Samir Ali, e o vereador [e ex-prefeito em exercício] Ronildo Macedo.
A princípio, Macedo e Samir são aliados de Flori. Mas na prática o trio tem mantido um certo distanciamento após a posse do novo prefeito. Há críticas veladas dos parlamentares, principalmente após a terceirização da área de saúde. Oficialmente, Macedo não comenta suas pretensões. Acha cedo.
Samir não diz se pretende concorrer ao Executivo. Por agora, a intenção oficial é ser reeleito vereador e se manter na presidência da Câmara.
DELEGADO FLORI
O atual mandatário disse ao Extra de Rondônia, que não tem apego pelo cargo, e que “está prefeito” para servir. “Aqui na prefeitura há dois caminhos: ser popular ou fazer o certo. Eu preferi o segundo. Isso causa alguns descontentamentos. Vamos ver como a população perceberá isso lá no final”, afirma o Delegado Flori.
Até hoje, em toda a história de Vilhena, Flori foi o prefeito eleito com a maior quantidade de votos: 63,14%. Se perder a metade disso, ainda é muito forte numa disputa com vários nomes.
ANÁLISE
Para Orando Café, líder do PV e apoiador de Flori, “a conversa para 2024 será diferente” da de 2022. “A eleição suplementar teve um sentido plebiscitário, com apenas dois candidatos e com uma vantagem para Flori: não tinha candidatos a vereador. Eram todas as lideranças juntas apoiando ele contra o outro grupo [o de Donadon]. Agora haverá mais negociações e outros interesses, por conta das eleições ao legislativo”, analisa Café. Ele tem décadas de experiência na articulação e na observação da política vilhenense.
Flori fez coligação com apenas dois partidos — Podemos e PP — para vencer as eleições no ano passado. Todos os outros partidos que estiveram em seu palanque, mais de 15, o apoiaram informalmente.
Na reeleição, o candidato terá que conversar com uma série de siglas para acomodar candidatos a vereador e dar volume à campanha. Isso se não quiser que eles se dispersem.
ADVERSÁRIOS
Além dos nomes citados do próprio Podemos — Samir e Macedo —, outros são cogitados na disputada. Veja abaixo alguns dos nomes.
ROSANI DONADON
No grupo da família Donadon, a aposta continua sendo a ex-prefeita Rosani Donadon (PSD). Com uma gama de pelos menos oito partidos sob seu comando, o grupo conta com a deputada estadual mais votada no município, Rosângela Donadon, do mesmo partido do governador Marcos Rocha: União Brasil.
Os Donadon perderam o fôlego nos últimos anos. Foram derrotados em sucessivas eleições e acumulam o desgaste natural do tempo. Também pesam contra eles a cassação do mandato da então prefeita Rosani e a inelegibilidade do líder do grupo, Melki Donadon.
Mesmo com todos os revezes, os Donadon continuam tendo seguidores fiéis. Calcula-se que eles têm o domínio sobre aproximadamente 35% dos eleitores, com a possibilidade de ampliação. Dependendo do número de candidatos e de novas estratégias de marketing que possam adotar, é possível que estejam no páreo.
GILMAR DA FARMÁCIA
Fora o prefeito Flori, Macedo, Samir e Rosani, também é cotado como candidato a prefeito o comerciante Gilmar Rodrigues, o Gilmar da Farmácia (PSC).
Um nome bem aceito entre os evangélicos, Gilmar tem o apoio do deputado estadual Luizinho Goebel (do mesmo partido), que foi quem “descobriu” o comerciante como possível líder político, ainda não experimentado nas urnas.
O iniciante disputaria a prefeitura e chegou a registrar sua candidatura em 2022, com o apoio de Goebel e do ex-prefeito Eduardo Japonês, seu correligionário. Mas acabou desistindo e declarando voto em Flori.
Em vídeo que gravou para a internet, Gilmar confirmou que pretende levar seu nomes às convenções em 2024.
PAULINHO
Paulo Sérgio Rodrigues da Silva, o Paulinho da Argamazon (Republicanos), já disputou as eleições de 2020 para prefeito, e terminou em quarto lugar, com 6,14% dos votos. Ficou atrás de Eduardo Japonês (40,29%), Rosani (33,47%) e Coronel Rildo, do Podemos (17,81%). E ficou à frente de Miguel Câmara, do PSB (2,29%).
No ano passado, Paulinho foi novamente anunciado como candidato à sucessão. Mas decidiu abrir mão da disputa e também engrossou fileiras com Flori, assim como fez Gilmar.
O nome do empresário volta a ser cotado e ele está em diálogo com outros partidos, inclusive o MDB do ex-vereador Rafael Maziero.
ESQUERDA
Em 2020, o PSB lançou o nome do professor Miguel Câmara, ex-secretário de Administração na gestão da prefeita Rosani Donadon.
O nome não empolgou a militância de esquerda e chegou ao final da disputa com somente 952 votos.
Porém, vê-se que a esquerda está se reorganizando em Vilhena, um reduto sempre hostil aos movimentos desta vertente ideológica. O PT tem agido, atraindo novos filiados e já de olho na possibilidade de, ao menos, eleger um vereador.
Mesmo com a baixa votação de 2020 e o fato de não elegerem vereador desde 2004, os partidos de esquerda liderados pelo PT agora se entusiasmam frente a eleição de Lula para presidente.
Afora o PT, o PDT pode ressurgir no município com a liderança do advogado Giuliano Dourado, ex-secretário municipal de Terras na administração de Macedo.
O MISTÉRIO DE BAGATTOLI
Considerado por muitos como fiel da balança, o senador Jaime Bagattoli (PL) tem uma proximidade com o Delegado Flori, por questões ideológicas.
Porém, o parlamentar vilhenense teve o apoio e os votos de todos os demais que pleiteiam a prefeitura — menos da esquerda, claro — para atingir a surpreendente votação em Vilhena, com mais de 70% dos sufrágios.
Bagattoli guarda mistério e não se manifesta sobre as eleições municipais de 2024. Diz que, na hora certa, irá se posicionar. Ainda acha que não é hora para qualquer especulação.