Os agricultores de Mato Grosso estão proibidos de cultivar e manter plantas de soja em qualquer fase do desenvolvimento.
A medida faz parte do vazio sanitário da oleaginosa, que tem duração de 90 dias com o objetivo de evitar a proliferação do fungo causador da Ferrugem Asiática. Essa norma é adotada anualmente durante a entressafra do grão.
Segundo a pesquisadora da Fundação MT, Mônica Müller, na safra 2022/23, algumas lavouras do sul do estado tiveram o desempenho prejudicado pela doença.
“Essa é uma medida de controle importante porque o fungo causador da ferrugem asiática sobrevive em plantas vivas. Uma vez que eliminamos essas plantas, eliminamos também esse fungo que pode causar até 90% de dano na produção”, explica.
O tempo de três meses minimiza a quantidade de esporos de fungo causadores da ferrugem asiática e atrasa a ocorrência da doença na safra seguinte. É o que aponta a coordenadora de Defesa Sanitária Vegetal do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), Silvana Amaral.
Ela acrescenta que o descumprimento dessa normativa pode acarretar em penalização. “Quem tiver plantas de soja na sua dependência, pode ser multado no valor de 30 Unidades Padrão Fiscal de Mato Grosso (UPF/MT) e mais 2 UPFs por hectare com a presença da planta”, pontua.
MONITORAMENTO DEVE SER FEITO EM PROPRIEDADES VIZINHAS
Esse período de pausa na cultura é importante porque quanto mais tempo a ferrugem demorar para aparecer, menor será o impacto nas lavouras e menos recursos o produtor precisará empregar para o seu controle. Pedro Souza, analista de agricultura do Núcleo Técnico da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), aponta que esta será uma safra com menor investimentos.
“Uma aplicação de fungicida a menos ou a mais, por exemplo, refletirá diretamente na lucratividade (ou prejuízo) do produtor. E o maior risco está aí, quando não é feito o devido monitoramento da lavoura, não são realizadas as aplicações preventivas. Com a instalação da doença fica bem mais difícil controlar.. Um ponto importante é que, não basta o produtor fazer a parte dele, se o seu vizinho, por acaso, tiver problemas com a doença, o problema será de todos da região”, finaliza.