O senador Marcos Rogério, de Ji-Paraná, cumpre agenda de compromissos nesta sexta-feira, 16, no município de Vilhena.
Presidente estadual do Partido Liberal (PL), Rogério recebeu a reportagem do Extra de Rondônia durante café-da-manhã no Hotel Vizon, momento em que concedeu entrevista e “abriu o jogo” para diversos assuntos.
O parlamentar comentou a operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro e confirmou presença no evento em apoio ao ex-presidente que ocorrerá no próximo dia 25 em São Paulo. Também, Marcos Rogério revela dificuldades no relacionamento politico com o governador rondoniense Marcos Rocha e dá nota Zero ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
>>> LEIA, ABAIXO, A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:
EXTRA DE RONDÔNIA: Qual é o motivo de sua visita a Vilhena?
MARCOS ROGÉRIO: É sempre um prazer estar em Vilhena. Mas, dessa vez, estou na cidade para a Ordem de Serviço, junto com o prefeito Flori Cordeiro, de algumas obras importantes. Tenho em Vilhena R$ 10 milhões para pavimentação de um bairro da cidade, tem uma obra de mais R$ 3 milhões que já foi executada; a obra do Hospital Regional que também foi executada com recurso nosso. Então, tenho um conjunto aqui de investimentos. De 2023 pra cá foram R$ 25 milhões. Então, vim para entregar obras e anunciar outras. É uma parceria com Vilhena que para mim tem sido muito prazerosa.
EXTRA: Senador, vamos falar um pouco de política. O que o senhor tem a dizer a respeito da operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro?
MARCOS: É preocupante o que vem acontecendo no Brasil já há algum tempo. Bolsonaro, obviamente, foi um presidente de posições firmes, agradava alguns e desagradava outros. Mas você não vê, em toda a atuação do presidente Bolsonaro, nenhum ato concreto, seja ato pessoal ou ato de governo, que representasse qualquer ruptura à democracia, qualquer ameaça, de fato, à democracia. E hoje tentam vender a ideia de que o Bolsonaro tentou dar um golpe no Brasil. Você não tem uma única evidência de que isso tenha acontecido. Aí pegam conversas e discursos isoladas, pegam papel que alguém escreveu, uma sugestão de um estado de sítio e colocam isso como elemento de prova para dizer que houve uma tentativa de golpe. Como é que você vai dar um golpe em cima de um documento, a partir de um documento base, em que, para ele se efetivar, o presidente tem que decretar? Tem que mandar para o Congresso Nacional, aprovar, aí depois sim se instaura o estado de sítio. Onde é que está a violência, a ruptura num processo como esse? Então, são muitos exageros. O problema é que, boa parte da mídia nacional, comprou a ideia do golpe, o judiciário alimenta a ideia do golpe e agora tenta vender para a sociedade que é preciso punir aqueles que tentaram dar o golpe. Teve o ato de 8 de janeiro, que foi um ato lamentável, de pessoas que praticaram vandalismo. Para mim, aquilo lá não foi ato de golpe, não foi nada disso, foi um vandalismo, um quebra-quebra. Quantas vezes o Brasil já teve isso em outras épocas? E eu lamento, e quem partiu para o quebra-quebra, seja do Palácio do Planalto, do Palácio da Justiça ou do Congresso Nacional, cometeu um crime e deve responder pelos crimes na medida da culpa de cada um.
Agora, não justifica também você dar 17 anos de prisão para quem jogou pedra na vidraça. A punição tem que ser proporcional. Você não pode punir alguém que participou de um quebra-quebra igual você pune um homicida, igual você pune um traficante, e, nesse caso, está o inverso. A punição é muito mais severa contra alguém que esteve naquelas manifestações. Nunca apoiei atos de vandalismo, nunca apoiei a manifestação do 8 de janeiro quando ela partiu para o quebra-quebra. As manifestações pacíficas são legítimas. Nunca estimulei manifestações, nunca fui em nenhuma manifestação pós-eleição. Embora eu seja ligado ao presidente Bolsonaro, defensor do presidente Bolsonaro, nunca participei. Nunca estimulei. Agora, dizer que aquelas manifestações que aconteceram, as manifestações pacíficas, ordeiras, foram manifestações que atentaram contra a democracia, significa dizer que a Constituição não vale.
Ocorre que, de lá para cá, o judiciário, especialmente a partir da relatoria do ministro Alexandre (de Morães), começou a tomar decisões, mandando prender, mandando fazer busca e apreensão, e agora está chegando no núcleo do Bolsonaro. E o que me preocupa é essa ameaça constante de prisão do presidente Bolsonaro, sem crime. O presidente Bolsonaro, no 8 de janeiro, não estava nem no Brasil. Você não vê uma única gravação dele, uma única fala dele estimulando nada. Ele ficou recluso. Ele ficou em silêncio nesse tempo todo. Então, não dá para você querer atribuir ao presidente Bolsonaro a organização disso, porque ele não teve participação nisso. E agora, que há um indicativo de que querem prender o presidente Bolsonaro, acho que está evidente. Manda fazer a busca e apreensão do passaporte dele. Prende pessoas que estão no entorno dele. E, quando você vai observar aquilo que eles dizem que são provas, que são evidências, não tem sentido. Não tem o mínimo de consistência. Então, penso que estamos vivendo um período de exceção. Estamos vivendo um período de perseguição política, tendo o aparelho do Estado como instrumento para isso.
EXTRA: O ex-presidente Bolsonaro convocou simpatizantes para um manifesto programado para 25 de fevereiro em São Paulo. O senhor estará presente ao evento?
MARCOS: Estarei na Paulista, junto com o presidente Bolsonaro e outros líderes do Senado, da Câmara e também o governador de São Paulo, que já se manifestou dizendo que vai. É um ato democrático, é um ato pacífico, em defesa, realmente, daquilo que nós acreditamos, das garantias constitucionais. Tem muita gente hoje usando o argumento de defesa da democracia, praticando atos violentos, agressivos, que comprometem, inclusive, as garantias constitucionais. Defender a democracia não é discursar dizendo que defende a democracia. Muitos dizem que o presidente Bolsonaro era um presidente ditador, que rasgava a Constituição. Mas você não vê um único fato, uma única evidência, de que ele tenha desrespeitado a democracia, de que ele tenha agredido as garantias constitucionais. Diferente do que nós vemos hoje: pregam democracia, mas praticam o arbítrio, atos totalitários. Então, eu acho que, contra os abusos que estão acontecendo, povo na rua. É a sociedade clamando. E é isso que nós vamos fazer lá. Nós vamos gritar ao Brasil que a nossa democracia está em risco, que a nossa liberdade está em risco, e que nós precisamos reagir. Reagir dentro das regras, dentro da Constituição Federal, dentro da legislação, com respeito às regras, sem violência.
EXTRA: De 0 a 10, qual é a nota que o senhor dá ao 1º ano do Governo Lula?
MARCOS: A minha avaliação desse governo é a pior possível. Penso que todo governo tem uma parte que anda praticamente sozinha, via um corpo de funcionários, um corpo de executivos de todos os governos, que faz a máquina andar. Não consigo avaliar o governo Lula do ponto de vista positivo. Para mim, é um governo que deve ao Brasil. É um governo que não tem política no campo da segurança pública. Pelo contrário: afrouxou para o crime, fez gestos de aproximação com o crime organizado. Agora, no presídio federal, onde nunca houve fugas, fuga no presídio de Mossoró, toda a diretoria do presídio foi afastada pelo Ministério da Justiça. Então, não tem como atribuir uma nota positiva para esse governo. Para mim, é um governo que deve ao Brasil. Se tivesse que dar uma nota para ele, a nota é Zero.
EXTRA: O senhor é presidente estadual do PL em Rondônia. Vai participar ativamente das eleições municipais deste ano?
MARCOS: O PL está se organizando, é o maior partido do Brasil e nós queremos fazer dele também o maior partido de Rondônia. E isso começa pelos municípios, organizando o partido, preparando nominatas para vereadores, prefeitos. Queremos lançar candidaturas próprias na maioria das cidades. Tem cidades que faremos alianças. Onde nós tivermos nomes bons, preparados, com bons projetos dentro do PL, vamos lançar essas candidaturas. Mas, em cidades que tivermos nomes preparados e que preenchem os requisitos que nós entendemos ser necessários para governar, vamos apoiá-los. O que nós não vamos fazer – e há uma recomendação dentro do Partido – é apoiar candidatos que estejam desalinhados com a nossa pauta ideológica. O nosso partido é um partido de direita. Existem muitos partidos que estão no campo político da esquerda e que nesse momento querem o PL como aliado. Nesse aspecto, vamos ter dificuldades, mas existem muitos outros partidos que dá para caminhar e que dá para apoiar.
EXTRA: Como está seu relacionamento com o governador Marcos Rocha?
MARCOS: Da minha parte, não há relacionamento da bancada com o governador, porque ele nunca quis relacionamento com a bancada. Para você ter uma ideia, depois do processo eleitoral, não tivemos ainda uma reunião. A bancada, às vezes, cobra, pede, mas ele tem muita dificuldade para se reunir e dialogar. É um governador que não se aproxima e prefere o distanciamento. É triste, é lamentável. Eu não sou inimigo do governador e a bancada não é inimiga do governador. Ao contrário, estamos à disposição do Estado. Hoje, a bancada é responsável pelo repasse de uma fatia muito grande do orçamento para o Estado de Rondônia, mas é uma pena que a gente não possa ter o Estado como aliado para poder canalizar esses recursos. A gente tem que fazer tudo através dos municípios.
Espero que faça um governo melhor, mas é um governo que você não encontra. Se você procurar no Estado obras estruturantes do governo, você não acha. A primeira obra que o governo inaugurou – que ele iniciou e terminou -, foi a ponte lá que dá acesso ao Alto Paraíso. Qual outra obra grande do governo do Estado? Se você olha para a agricultura, qual é o programa que o governo tem para a agricultura, que apoia o agricultor e que o agricultor conheça? Se você perguntar para dez agricultores hoje, me fale um programa do governo do Estado que ajuda a agricultura? Ele não sabe. Então, é um governo que falha na agricultura, é um governo que peca na segurança pública. Rondônia virou um território ameaçado e, em algumas regiões, dominadas pelo crime organizado. É um governo frouxo com o crime, que não combate pra valer, que não estimula a sua polícia.
Aumentou o ICMS dizendo que iria aumentar o salário das polícias. Aí, quando vai dar aumento, ele escolhe uma parcela da polícia para dar um aumento e a outra parte – que é aquele policial que vai para a rua, que vai para o enfrentamento, que faz a segurança de verdade – não chega um aumento real. Então, é um governo que é injusto, inclusive, com a sua própria categoria: a Polícia Militar. Quando você vai olhar para o turismo, qual é a pauta do governo para o turismo de Rondônia? Quando você vai olhar para a pecuária, o governo não defende o setor. Esses dias ele comemorou alguns dados de Rondônia para a pecuária. Mas, quem é da pecuária sabe: está sofrendo. Há um cartel em torno dos frigoríficos, preços praticamente tabelados aqui, e existe uma diferença grande entre o boi que é abatido em Rondônia e, às vezes, o boi que é abatido no estado vizinho, no Goiás, em São Paulo. Por que isso? Qual é a pauta do governo para essa matéria, para esse campo? Por que não defende de fato o setor, quem produz? Então, assim, eu tenho muitas reservas para esse governo, porque é um governo que não compra a briga do trabalhador, não compra a briga do setor produtivo.
EXTRA: Para fechar a entrevista: qual é a mensagem que o senhor deixa à população rondoniense nesse início de 2024?
MARCOS: É preciso continuar acreditando. Não sou pessimista. Estamos vivendo um período difícil, com muitas incertezas, mas aquilo que nós podemos fazer para garantir um futuro melhor, temos que fazer. Continuar trabalhando firme, continuar acreditando no nosso estado, continuar acreditando no nosso país. A política é circunstancial. Uma hora está de um jeito, outra hora está de outro. O que hoje às vezes não é bom, amanhã pode ser melhor. Agora, isso vai depender das nossas convicções e das nossas escolhas. Escolhas boas, resultados bons. Então, continuo acreditando em Rondônia, mais do que nunca. É o meu estado, é onde eu nasci, cresci, tive oportunidades e vou lutar sempre por esse estado, independente da posição política.