Foto: Divulgação/CowMed

Os reflexos das enchentes crescem a cada dia sobre o setor produtivo no Rio Grande do Sul. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, os prejuízos no agronegócio já ultrapassam os 2,5 bilhões de reais. E ainda falta muito para contabilizar.

Produtores de leite enviaram um documento para autoridades pedindo medidas emergenciais. Já nos grãos, as perdas em produtividade crescem conforme avança a colheita.

Segundo a Emater-RS, a colheita de soja avançou na ultima semana em 6% e alcança 91% dos 6,7 milhões de hectares. As operações em solo encharcado aumentam o custo de produção. Ao mesmo tempo, grãos extremamente molhados, germinados e danificados têm sido entregues às cooperativas com umidade próxima a 30%.

Conforme a Rede Técnica Cooperativa, a produtividade média da oleaginosa baixou de 56,9 sacas por hectare para 50,3 sacas por hectare.

Dificuldades na colheita

A produtora de Santa Vitória do Palmar, Vanessa Peres, semeia soja em 320 hectares, mas não conseguiu colher o grão em 40 hectares. “A lavoura está com muita água, não para de chover. Choveu 120 mm nos últimos dias e, se parar um pouco, vamos tentar colher alguma coisa, mas vai ser complicado”, relata.

Já o milho alcança 92% da área colhida, mas lavouras apresentam brotação nas espigas e fungos que aumentam o risco de micotoxinas. Lavouras de sorgo silagem também foram afetadas. Nesse contexto, a baixa qualidade dos grãos deve impactar diretamente setores produtivos de proteína, como aves e suínos.

“Nós imaginamos que teremos um problema adicional neste ano em virtude da menor safrinha que o Brasil está tendo. Estamos falando de um setor que já foi bastante prejudicado pelas enchentes, como o de aves, suínos e também de leite. Então o aumento do custo de produção é algo que está nos preocupando. Acreditamos, por enquanto, que não há nenhum sinal de pane, já que os preços da soja e do milho já tinham caído bastante”, diz o economista chefe da Farsul, Antônio da Luz.

Perdas na produção de leite

Outro setor que já vinha bastante frágil é o de produção de leite. As chuvas agravaram a crise. Muitos produtores perderam todo o rebanho leiteiro e as estruturas na propriedade, sem falar nas mortes humanas que também aconteceram nas regiões produtivas.

Agora, há muita dificuldade de acesso a alimentos nas propriedades e existe a dependência de doações de feno, silagem e pré-secado para manter as vacas vivas.

A Associação de Criadores de Gado Holandês enviou um documento para autoridades pedindo medidas emergenciais, como juros mais baixos e prazos estendidos. Os custos para recuperar equipamentos, animais e lavouras perdidas são altos. Há temor de novas desistências da atividade. Somente no Vale do Taquari, a entidade estima que duas mil vacas morreram.

“Tratar as vacas, produzir o nosso leite, produzir o nosso próprio alimento novamente, honrar compromissos já assumidos. Tudo isso precisa ser revisto urgentemente. Precisamos até que algumas áreas afetadas tenham uma certa anistia. Entendemos que tudo precisa ser analisado e que cada caso é um caso. Nesta hora, precisamos realmente das pessoas que conhecem o agr da porteira para dentro”, diz o presidente da Gadolando, Marcos Tang.

sicoob

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