Confúcio Moura/Foto: Divulgação

A fala foi feita na Tribuna do Senado e expôs a contradição entre a abundância de talentos espalhados pelo país e o esvaziamento da agenda governamental de estímulo àqueles que buscam o alto rendimento.

Para marcar o encerramento e os resultados dos Jogos Olímpicos de Paris, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) utilizou a Tribuna do Senado Federal para comentar a participação do Brasil na competição. O parlamentar equilibrou seu discurso entre a exaltação do talento dos atletas brasileiros e as dificuldades que eles enfrentam para se manter em nível competitivo. Nesse sentido, Confúcio Moura lamentou o recuo nas políticas públicas após 2018.

“As recentes Olimpíadas trouxeram à tona, mais uma vez, a excelência dos nossos atletas, mas também expuseram as lacunas e os desafios que ainda enfrentamos no cenário esportivo mundial. É inegável o orgulho que sentimos ao ver fenômenos como a atleta Rebeca Andrade e outros grandes talentos brasileiros brilhando no palco internacional, merecendo de nós todo o carinho, admiração e emoção. No entanto, também é inegável a frustração com a participação em modalidades como a natação, onde o Brasil teve um desempenho abaixo do seu potencial histórico”, afirmou o senador.

Para Confúcio Moura, as expectativas por resultados devem estar conectadas com as políticas públicas em curso no momento das competições e nos anos anteriores. “Como podemos esperar resultados diferentes, se o Brasil, em suas escolas públicas e privadas, não dispõe de equipamentos e infraestruturas adequados para o treinamento dos nossos jovens? Não há como prosperar sem esse suporte necessário. O talento existe, mas, sem uma base sólida, ele se dispersa e o que vemos são apenas destaques isolados, fenômenos que surgem mais por força da vontade individual de cada um desses esportistas, que geralmente vêm das camadas mais pobres da nossa população e veem no esporte um instrumento para superar o ciclo da pobreza em que vivem”, alertou.

Defensor da educação pública de qualidade, o senador rondoniense prega a integração irrestrita do esporte na política educacional como forma de proporcionar uma formação integral à juventude. “É preciso que o Brasil, de uma vez por todas, priorize o esporte como um pilar essencial do desenvolvimento dos nossos jovens. Mais do que isso, é preciso incluir o esporte no contexto da educação pública para que, de maneira integral e estruturada, possamos desenvolver um projeto esportivo nacional que tenha como base as escolas, onde o esporte seja parte do cotidiano dos alunos, assim como são as disciplinas tradicionais”, sugeriu.

Na avaliação de Confúcio Moura, o protagonismo na cena mundial depende, também, da forma como o Estado trata seus atletas. A China é um exemplo disso, diz ele. Parte de seu poderio econômico se reflete nos resultados dos Jogos Olímpicos. “Mesmo assim, fomos os melhores das Américas, só perdemos para o Canadá e para os Estados Unidos. Ganhamos do México, ganhamos do Chile, ganhamos da Colômbia, ganhamos da Argentina, assim como de outros países da América”, informou Confúcio Moura.

No entanto, o parlamentar acredita que as políticas públicas não devem ser aceleradas apenas no ano dos grandes eventos, mas sim ser uma agenda permanente dos governos, nas três esferas, sem redução de verbas ou contingenciamento. “Queríamos mais em Paris. E a gente pode muito mais, nós temos condição de fazer muito mais. Somos um país muito grande, muito diverso. Os atletas estão lá nas nossas comunidades pobres. Eles e elas vêm de lá, descem o morro, descem dos bairros periféricos e vêm para os treinamentos. Ali, eles se expõem, eles se oferecem. Precisamos acolhê-los e oferecer condições para que cresçam, realizem seus sonhos – e os nossos, por extensão”, concluiu o senador.

sicoob

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