A família, que deveria ser responsável pela proteção da criança e adolescente de toda espécie de dor, pode esconder uma grande armadilha.
Em entrevista a reportagem do Extra de Rondônia, a titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM), Solângela Guimarães Ferreira, relatou que um levantamento feito recentemente, em Vilhena, demonstra que 80% dos casos de violência sexual acontecem dentro do seio familiar ou no ciclo de amizades dos pais destas crianças ou adolescentes.
Segundo a delegada, em muitos casos existe denúncia. O pai ou o agressor é preso, mas, às vezes, a família é de baixa renda e a mãe acaba sendo conivente com a situação, porque ela não quer perder o companheiro.
Em outros casos, a criança ou adolescente abusado nem sempre expõe esse tipo de crime por medo, culpa e assim podem carregar sequelas para o resto da vida.
A Delegada explicou que o pedófilo tem sempre um perfil definido, é sempre uma pessoa atenciosa, prestativa e justamente aproveita dessa abertura que a família concede para poder atacar a criança. Ele, por muitas das vezes, tem sido o pai biológico, padrasto, tio, avô ou até mesmo o irmão. “A gente deixa um alerta para os pais ou para quem é responsável por uma criança ou adolescente para não confiarem cegamente numa pessoa”, alertou Solângela.
A violência sexual nem sempre é caracterizada somente pelo estupro, isto é, conjunção carnal. Apenas um toque nas partes intima da menina ou menino já é violência sexual. “É preciso que a mãe ou o responsável pela criança saiba diferenciar carinho de carícias”, enfatizou a delegada.
De acordo com ela, estudos confirmam que as vítimas de abusos sexuais, quando não recebem tratamentos adequados ou acompanhamentos psicológicos, podem apresentar problemas futuros, principalmente em relacionamentos conjugais. “É importante que a mãe não se cale. Muitas delas são omissas, e preferem ficar ao lado do infrator. Nesse caso, a criança é vítima duas vezes vítima: de violência sexual e do abandono por parte de alguém que tinha a obrigação de protegê-la”, concluiu Solângela.
O crime de estupro de vulnerável, crime considerado para menores de 14 anos, de acordo com o art. 217-A do Código Penal, tem pena prevista de 8 a 15 anos de prisão. A prescrição somente acontece 20 anos após a prática do dolo.
Em Vilhena, a DEAM está localizada na Avenida Paraná, nº 2141, no bairro Boa Esperança. Mais informações através do telefone (69)3322-5851.
Texto: Extra de Rondônia
Foto: Extra de Rondônia