
O governo federal autoriza, via justiça, que inúmeras empresas brasileiras entrem no regime excepcional de recuperação judicial. De 2023 para 2024, houve um acréscimo de 84,3 %.
Isso é estarrecedor! De 2022 para 2023, o acréscimo foi de 68,7%. Percebe-se que o problema cresce em vez de ser resolvido! Até quando?
Cada recuperação judicial envolve vários credores, os quais são duramente afetados em seu fluxo de caixa e resultados financeiros. É lamentável ver esses números; perceber a deterioração de tantas empresas. Em outras palavras, criou-se uma indústria de recuperação judicial, que cresce sem parar. O pior é que essa displicência pública (ou venda de sentenças?) contamina todos aqueles em operam de forma íntegra.
Não é fácil resolver esse problema. O bom senso recomenda que o governo e autoridades econômicas deveriam adotar remédios técnicos e efetivos, visando diminuir anualmente esses casos. Urge ir às causas e combate-las de forma criteriosa e justa. Desconheço a existência de políticas governamentais e de metas anuais menores.
Recentemente a Porsche Automóveis, na Alemanha, decidiu demitir 2.000 mil funcionários. Note que ela não criou um Porsche-B, para enfrentar a crise; ela não se voltou para o segmento C e D, oferecendo seus produtos a preços menores. Acredito que ela tenha princípios éticos; que ela não abdica de seus elevados padrões de qualidade; que ela prefere demitir colaboradores e até fechar fábricas, por mais doloroso que seja, do que alterar seus princípios e valores! Certamente, lucro contábil e caixa disponível compõem seu DNA, com ou sem crise.
A propósito, você conhece alguma empresa local que adota idênticos valores e princípios? Queira notar que ela não é a única. Muitas outras empregam a mesma visão e adotam as mesmas posturas.
Alguém pode dizer: isso é uma questão cultural. Não concordo; é mais correto, sábio e oportuno, elevar nossos padrões operacionais e financeiros; precisamos corrigir-nos seguindo os melhores exemplos.
Integridade não é uma virtude; é um dever de todo o cidadão, empreendedor, universidades e empresas. As dificuldades evidenciam incompetência profissional; gestão ineficiente; deficiências de planejamento; colocar a culpa nos outros.
Urge combater corrupção, a sonegação e a incompetência gerencial; no governo e no privado. Maus exemplos arrastam a muitos e desestimulam os fracos. Quando falta dinheiro para pagar as contas, os padrões de muitos são esquecidos. Os incompetentes acusam as crises, num esforço de sobrevivência. Ser íntegro não impede ninguém de ser bem-sucedido. Pense nisso enquanto lhes digo até a semana que vem.