
Durante a última reunião do Conselho Nacional de Representantes Estaduais do CONASEMS (CONARES), realizada no mês de março, o então presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Rondônia (COSEMS-RO) e atual secretário de saúde de Vilhena, Wagner Borges, foi eleito para assumir a diretoria adjunta de Municípios com Populações Ribeirinhas em Situação de Vulnerabilidade.
A nomeação marca um reconhecimento nacional ao trabalho desempenhado pelo gestor em defesa do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na Amazônia Legal e em regiões de difícil acesso.
Em seu discurso de posse, o novo diretor adjunto trouxe um retrato sensível e realista dos desafios enfrentados pelas comunidades ribeirinhas. “Este momento não é apenas de palavras, mas de um chamado para reconhecer e enfrentar os desafios de um povo que vive entre as águas, nas margens de rios que tanto os sustentam quanto os isolam”, destacou Borges.
Ele alertou para o cenário de abandono que atinge essas populações, cujas comunidades estão, muitas vezes, a até 12 horas de distância de qualquer unidade de saúde. As longas viagens fluviais, as cheias e secas dos rios, a ausência de saneamento básico e a desnutrição são apenas algumas das dificuldades enfrentadas. “A saúde, para essas populações, não pode ser um ideal distante, mas um direito que chegue às suas portas de madeira”, declarou emocionado.
Além das dificuldades logísticas, o novo diretor adjunto ressaltou as barreiras culturais e burocráticas que dificultam a criação de equipes de saúde e a implementação de políticas públicas adaptadas às realidades locais. “A classificação urbana dos municípios apaga as especificidades de um território que não se encaixa em moldes tradicionais”, observou.
O representante de Rondônia encerrou sua fala com um apelo à mobilização nacional. “No CONASEMS, as margens dos rios não podem seguir esquecidas. Que este seja o início de um esforço coletivo para transformar vulnerabilidade em cuidado, isolamento em conexão, e silêncio em ação”.
A nova função representa não apenas um avanço institucional para Rondônia, mas também uma oportunidade para trazer visibilidade às populações tradicionalmente excluídas das estratégias nacionais de saúde. Com a liderança do secretário de Vilhena, espera-se o fortalecimento de ações concretas que façam da equidade e do acesso à saúde uma realidade em cada canto da Amazônia brasileira.