sexta-feira, 05 de dezembro de 2025.

Artigo: Quem controla a sua fome, controla você

Dra. Keila Geremia — Nutricionista Integrativa/Foto: Divulgação

Você já sentiu fome logo após comer? Já desejou um doce sem nem estar com o estômago vazio? Já “beliscou” alguma coisa só para preencher um vazio emocional?

Esses episódios não são coincidência. Nem sempre comemos por necessidade física. Muitas vezes, comemos para silenciar o que não conseguimos nomear: solidão, cansaço, ansiedade, culpa — ou simplesmente a ausência de pausa.

O problema é que, enquanto acreditamos estar no controle, muitas vezes estamos sendo conduzidos — e até manipulados.

Vivemos numa era em que o apetite se tornou um alvo comercial. A indústria alimentícia investe bilhões todos os anos para entender o comportamento humano, ativar gatilhos cerebrais e desenvolver produtos que geram dependência. A comida deixou de ser apenas sustento. Tornou-se uma ferramenta de manipulação.

Quando alguém controla a sua fome, passa também a controlar suas emoções, decisões e, em última instância, sua saúde.

A chamada “fome emocional” é silenciosa e disfarçada. Ela aparece no meio da tarde, no intervalo entre tarefas, nas noites solitárias, nos domingos vazios.

Ela pede comida calórica, doce, gordurosa ou crocante — nunca frutas, legumes ou água.

Ela quer alívio. Quer recompensa. Mas jamais se satisfaz.

E é aí que mora o perigo: quanto mais alimentamos esse ciclo, mais o corpo se desregula.

Hormônios como insulina, grelina e leptina — responsáveis por regular a fome, a saciedade e a energia — passam a funcionar de forma confusa. O que era um hábito esporádico vira um padrão crônico. O corpo adoece. A mente se cansa. A alma perde o brilho.

Mas há uma saída. E ela começa com consciência.

Voltar a reconhecer os sinais verdadeiros da fome, diferenciar vontade de necessidade, sair do piloto automático e questionar os próprios padrões é um passo revolucionário.

Cozinhar, planejar, comer sem pressa, escutar o próprio corpo e rejeitar os excessos do industrializado é mais do que autocuidado: é um ato de liberdade.

Não se trata de perfeição — e sim de presença.

Não é sobre nunca comer um doce — mas sobre não ser refém dele.

A indústria lucra com a nossa pressa, distração e culpa.

Mas quando passamos a enxergar a comida como ponte, e não como fuga, descobrimos um novo tipo de nutrição: aquela que fortalece, equilibra e respeita.

Porque quem controla a sua fome, controla você.

Mas quando você retoma esse controle, também reconquista sua autonomia, sua energia vital e sua saúde integral.

Dra. Keila Geremia – Nutricionista Integrativa

Instagram: @drakeilageremia

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