Há inúmeros motivos que enchem os rondonienses de orgulho por sua terra: o vigor do agronegócio, com produção expressiva de grãos e destaque na pecuária, indústria alimentícia, extrativismo vegetal e mineral; a segunda maior taxa de alfabetização da Região Norte; e a excelência em educação, como exemplificado por Colorado do Oeste, referência em ensino público na região. A cultura do estado, formada por migrantes de diversas regiões do Brasil nas décadas de 1970 e 1980, reflete um mosaico de identidades.
Apesar de Rondônia ser um estado jovem e haver aspectos a serem melhorados, este artigo valoriza outro elemento que enche seus cidadãos de orgulho: a origem do nome do estado, uma homenagem merecida ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Militar, engenheiro e sertanista, Rondon se destacou pela integração do interior do Brasil, deixando um legado que transcende sua morte em 1958.
Rondon assumiu a difícil missão de instalar linhas telegráficas no início do século XX, enfrentando desafios quase inimagináveis. Adentrou a floresta amazônica, lidando com animais selvagens, doenças tropicais como malária e febre amarela, e tribos indígenas, como os Nambiquara, que até então haviam reagido violentamente a qualquer contato externo. Com a ajuda dos índios Bororos, Rondon completou a linha telegráfica entre Brasil, Bolívia e Peru sem recorrer à violência, guiado pelo lema: “Morrer, se preciso for; matar, nunca.”
Ao longo de sua vida, Rondon mapeou florestas, descobriu rios, montanhas e vales, abriu estradas, implantou linhas telegráficas e redescobriu o Real Forte Príncipe da Beira, maior relíquia histórica do estado. Como primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), defendeu os povos indígenas e promoveu a criação do Parque Nacional do Xingu. Foi diplomata, patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro e recebeu a patente de Marechal em 1955. Rondon foi o segundo ser humano a ter um meridiano batizado em sua homenagem e foi indicado duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz, em 1953 e 1957, com o apoio de Albert Einstein.
Rondon diferencia-se por uma trajetória sem grandes contradições, algo raro entre os grandes nomes da história. Comparando-o a outros ícones brasileiros: Tiradentes foi redescoberto apenas no início da República; Dom Pedro II governou enquanto a escravidão persistia; Getúlio Vargas liderou sob regime ditatorial em parte de sua gestão; e os bandeirantes, embora desbravadores, careciam da visão pacifista de Rondon.
Entre todos os grandes nomes, Marechal Rondon destaca-se por unir progresso, respeito à natureza e harmonia com os povos nativos. Ele é o único brasileiro a dar nome a um estado, Rondônia, um motivo de orgulho para seus cidadãos, que carregam em sua identidade uma homenagem ao maior herói brasileiro de todos os tempos.
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REFERÊNCIAS
• IBGE. Brasil 500 anos. IBGE, 2023. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br.
• DIACON, Todd A. Rondon. Perfis Brasileiros. Companhia das Letras.