Um estudo recente da consultoria Zaxo, citado em portais especializados em fusões e aquisições (M&A), aponta que o prêmio pago em aquisições no setor de educação — ou seja, o valor pago além do “valor justo” da empresa na negociação — pode atingir até 19% em cenários de incerteza econômica.Esse dado captura duas tendências relevantes: a busca por ativos escaláveis em educação digital e o valor agregado de ofertas com diferenciais competitivos, como ensino de idiomas ou metodologia híbrida.
Por que prêmios elevados mesmo em cenário turbulento?
Embora incertezas macroeconômicas normalmente reduzam o valor das empresas — segundo o estudo, as incertezas podem diminuir o Enterprise Value das transações em média 6,7% ao ano —, observou‑se que organizações com forte potencial de crescimento ou inovação conseguem minimizar esse impacto para menos de 1%. No setor de educação, isso tem resultado em prêmios maiores: investidores aceitam pagar mais por empresas com diferencial claro, base de alunos digital ou módulos internacionais, por exemplo.
Diversos fatores ajudam a explicar esse fenômeno:
- Escala digital e retenção: Plataformas online permitem crescimento rápido, recorrência de receita e custo marginal baixo — características que atraem fundos e compradores estratégicos.
- Oferta especializada: Escolas ou plataformas que já oferecem cursos diferenciados — como cursos internacionais, idiomas ou trilhas “up‑skilling” — despertam maior interesse e elevam o prêmio pago.
- Fragmentação regional: O Brasil ainda tem mercados regionais pouco consolidados e instituições familiares com potencial de crescimento ou necessidade de sucessão, o que torna algumas aquisições estratégicas.
- Educação como setor resiliente: Mesmo em crises, a demanda por ensino e capacitação continua — o que torna o setor atrativo para quem busca negócios de longo prazo.
O que isso significa para quem vende ou compra
Quando uma instituição ou startup de educação se prepara para uma eventual venda de empresa, esses números indicam que o foco deve estar em demonstrar: (1) capacidade de escalar em digital, (2) diferenciais claros no portfólio, (3) retenção de alunos e (4) potencial internacional ou de expansão. A combinação desses fatores é o que permite justificar um prêmio mais elevado na negociação.
Por outro lado, se você está no lado comprador, entender que pagar prêmio significa pagar por futuro — não apenas pela operação atual — é fundamental. Avaliar a qualidade da base de alunos, churn (taxa de cancelamento), tecnologia, metodologia e diferenciação torna‑se mais relevante do que fazer uma aquisição simplesmente por tamanho.
O papel dos idiomas e das habilidades: não só “mais do mesmo”
Dentro desse contexto, plataformas que integram oferta de idiomas e capacitação global ganham vantagem. Por exemplo: uma empresa de ensino que oferece curso de inglês online como parte de sua proposta consegue ampliar seu público‑alvo, combinar mercado doméstico e internacional e oferecer cross‑selling — o que melhora métricas e eleva o valor percebido pelo mercado.
Isso corrobora a tese de que empresas bem posicionadas — com portfólio híbrido, tecnologia, idiomas, capilaridade digital — conseguem atrair investidores dispostos a pagar mais, mesmo em momentos de instabilidade. A presença de segmentos de idiomas e internacionalização se tornou um fator de “premium” no valuation.
Tendências observadas no setor brasileiro
Entre os pontos levantados pela pesquisa:
- O número de transações no setor de educação básica privada no Brasil veio crescendo significativamente, com aumento expressivo em 2024.
- Mesmo com esse crescimento, muitas instituições ainda enfrentam desafios como governança, documentação, estrutura digital ou falta de diversificação, o que impacta a precificação.
- Investidores estão cada vez mais exigentes: não basta “colar” uma escola ou colégio ao portfólio — é necessário demonstrar diferencial em tecnologia, metodologia ou internacionalização.
Como interpretar esse cenário para estudantes e profissionais
Embora esse texto trate de aquisições e valuations, há implicações também para quem busca qualificação ou para quem atua no setor de educação:
- A valorização de plataformas com idioma ou internacionalização mostra que aprender outra língua ou investir em habilidade global pode alavancar mercado e oportunidades.
- A própria expansão digital da educação sugere que a oferta de cursos, especialmente online, tende a crescer e consolidar — o que reforça o valor de se antecipar com capacitação e qualificação.
- Para quem atua em empresas de educação ou edtechs, o foco em diferenciação importa: não apenas oferecer mais do mesmo, mas ofertar proposta educacional com escalabilidade e relevância internacional.
Desafios e alertas
Apesar das oportunidades, existem riscos e aspectos a serem monitorados:
- O prêmio pago pode não se concretizar se a operação sofrer com integração deficiente, alta rotatividade ou modelo digital fraco.
- Em aquisições, due diligence e avaliação dos ativos digitais, tecnologia, churn e metodologia se tornam ainda mais críticos.
- Para empresas de menor porte, o desafio de provar escalabilidade ou diferencial tecnológico pode reduzir o prêmio ou inviabilizar a venda.
Conclusão
O levantamento que aponta que o prêmio em aquisições no setor de educação pode chegar a 19% em cenários de incerteza econômica é um sinal claro de que o mercado valoriza empresas com diferencial — tecnologia, idiomas, internacionalização e modelo digital robusto.
Para quem está à frente de uma startup de ensino, plataforma de idiomas ou instituição educacional, o recado é: construa diferencial, invista em escalabilidade, internacionalize ou digitalize — e assim estará melhor posicionado para uma transação vantajosa. Para estudantes e profissionais, o recado é parecido: investir em uma boa qualificação, dominar idiomas ou novas habilidades — como o foco global que um curso de inglês online pode oferecer — torna‑se cada vez mais relevante.
Em um mercado em que compradores estão dispostos a pagar mais — se o alvo entregar crescimento, diferenciação e escalabilidade — entender essas dinâmicas pode fazer a diferença entre uma transação bem‑sucedida ou uma oportunidade perdida.











