
Tainara Barros pretende responsabilizar envolvidos pela morte de sua filha Antonella (foto superior) / Foto: Extra de Rondônia
A estudante de enfermagem Tainara Silva de Barros, 25 anos, fez uma visita à redação do Extra de Rondônia nesta quarta-feira, 11, para relatar a tragédia que resultou na morte de sua filha, Antonella Silva Santana, de apenas 4 anos, ocorrida no último domingo, 8, em Vilhena.
Tainara denunciou o que considera uma grave negligência médica por parte da prefeitura e afirmou que pretende levar o caso à justiça para responsabilizar os envolvidos.
Tainara narrou que, na sexta-feira, 6, sua filha apresentou sintomas preocupantes, levando-a à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Após a consulta, o médico receitou medicação e pediu que retornassem no dia seguinte.
No sábado, 7, ao chegar na UPA, Tainara disse que percebeu a demora no atendimento e, ao reclamar, foi informada por um enfermeiro que Antonella não tinha prioridade, uma vez que não apresentava febre. No consultório, a médica não realizou um exame físico, limitando-se a olhar a garganta da criança e afirmando que os exames estavam normais. Recebeu antibióticos e foi diagnosticada com virose, sem que a médica mencionasse que as plaquetas da menina estavam baixas. Tainara, preocupada, solicitou um raio-X. “Em nenhum momento o profissional de saúde mencionou que as plaquetas da minha filha estavam baixas. Foi quando eu solicitei um raio-X, mas a profissional de saúde alegou que não seria necessário, afirmando que minha filha estava apenas com virose, pois essa doença estava afetando muitas crianças em Vilhena”, lembra.
Na manhã de domingo, 8, Tainara voltou à UPA, pois Antonella estava com vômito, diarreia e uma sede constante. Um profissional de saúde decidiu que a criança deveria ser observada e receber soro. Segundo a mãe, a criança permaneceu tomando soro durante toda a manhã. À tarde, outro médico, ao examiná-la, identificou problemas de saúde e solicitou a realização de um raio-X. A situação se agravou, e Antonella foi encaminhada de emergência ao Hospital Regional de Vilhena, onde foi intubada e diagnosticada com sangramento no pulmão. Infelizmente, a criança sofreu cinco paradas cardiorrespiratórias e faleceu por volta das 16h.
Indignada, Tainara expressou sua frustração com o atendimento que sua filha recebeu, afirmando que a condição da menina foi tratada como uma simples virose desde o início. Ela destacou que houve negligência na avaliação das plaquetas e na comunicação sobre a gravidade do estado de saúde de Antonella.
Na Certidão de Óbito, a causa da morte foi registrada como “Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – pneumonia”. Tainara também mencionou que conhece outros casos semelhantes na UPA, revelando uma preocupação com a qualidade do atendimento médico prestado à população.
SECRETÁRIO FORMALIZA E APURA RESPONSABILIDADES
A reportagem do Extra de Rondônia entrou em contato com o secretário municipal de saúde, Wagner Borges, que informou que protocolou ofício solicitando informações do caso à Santa Casa de Misericórdia de Chavantes, responsável pelo gerenciamento da saúde pública municipal.
Via Ofício, o titular da Semus solicitou as seguintes informações e documentos: 1. Relatório detalhado do atendimento prestado à menor, indicando os procedimentos adotados, diagnósticos realizados e medicamentos administrados; 2. Identificação da equipe médica responsável pelo atendimento; 3. Cópias dos prontuários médicos e demais documentos relacionados ao caso, observadas as disposições legais sobre sigilo profissional e proteção de dados; 4. Quaisquer outras informações que possam contribuir para o esclarecimento da situação.
“A presente solicitação tem fundamento na necessidade de assegurar transparência, apuração de eventuais responsabilidades e análise das circunstâncias que possam ter contribuído para o desfecho do caso. Salientamos que o pedido está em conformidade com as disposições do Código de Ética Médica, da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018) e demais normativas aplicáveis”, destacou o secretário no documento.