Prefeito de Vilhena, Flori Cordeiro Junior / Foto: Extra de Rondônia

Em setembro de 2.203 o nacionalmente prestigiado jornal “O Estado de São Paulo” cedeu espaço à um misto de profissionais que se aventuraram a fazer uma “análise política” da história eleitoral recente da cidade de Vilhena, em Rondônia (leia o artigo AQUI).

Eu, que era o tema principal dos doutores, até me assustei quando me enviaram o “Estadão” dando “lugar de fala” aos tais entendidos em Vilhena e, mais do que isso, fiquei um pouco orgulhoso em saber que a nossa cidade é assim importante aos olhos da imprensa nacional – se bem que merece, por seus feitos e tamanho.

Os escritores, auto-qualificados como “pesquisadores/as do Laboratório de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal”, com estreita ligação com a Universidade Federal do Acre e bancados por emendas parlamentares do deputado Léo de Brito (PT), aventuraram-se a analisar o cenário municipal local e, é preciso dizer desde já, não acertaram em nada. Dinheiro e espaço jornalístico jogados fora.

A ser levado em conta o resultado das previsões e registros de momento dos senhores João Paulo Viana, Melissa Volpato Curi, Patricua Mara Cabral de Vasconcellos e Jamila Martini, a comunidade acadêmica, interessados em geral pela Amazônia e leitores do “Estadão” podem ter uma bússola certa: para onde eles apontarem corramos todos para o lado contrário.

Achamos no tal texto dos doutores análises de momento e previsões de futuro como esta: “Como exposto anteriormente, ainda que o Podemos [partido político] constitua a maior bancada do legislativo municipal, há sensível dificuldade por parte do Executivo vilhenense em aprovar importantes temas de sua agenda na câmara de vereadores. O que reforçaria o argumento acerca da fraqueza das legendas no plano local, num contexto de predominância dos interesses de grupos particulares.”

Acontece que, terminada as eleições de 2.024, o Podemos é a maior bancada no legislativo vilhenense (com 4 vereadores em 13) e todos, repita-se, todos os temas propostos pelo Executivo foram aprovados pela câmara municipal.

Podemos pensar que isso é um erro de somenos importância dos analistas-especialistas-da-universidade-federal. Talvez seja mesmo um lapso. Vamos ver se tem mais que isso para termos um panorama mais completo.

Os doutores prosseguem com mais “chutes”. Atacam agora pela esquerda, com um petardo: “Para mencionar as dificuldades enfrentadas pelo Executivo, são vários os pedidos de urgência na tramitação de matérias negados pela câmara de vereadores, inclusive, em votações unânimes contrárias ao prefeito”.

Agora vamos ao números para ver a quantas anda a mira dos doutores. No momento em que escrevo, das 530 proposições efetivadas pelo Executivos nos anos de 2.023/24 (anos de mandato do prefeito sob análise dos doutores) em oito oportunidades houve retirada de projetos de pauta a pedido – para posteriores reenvio com aprovação – e 522 aprovações no mérito!

– Haja dificuldade, hein? Dificuldade para a oposição, talvez.

Os entendidos não se fazem de rogados e, novamente pela esquerda, continuam com o texto analítico: “No início de junho, o presidente da câmara, Sami Ali (PODE), convocou os vereadores e cogitou a possibilidade de abertura de CPI contra o Executivo, com a justificativa de que algumas questões que estariam ocorrendo, consideradas graves, poderiam acarretar em abertura de uma CPI”.

CPI arquivada e aqui já poderiam os doutores pedir por música no Fantástico. Mas eles queriam mais, muito mais. Errar por um ou por mil, dá no mesmo, devem ter pensado.

Assim, eis mais uma dos entendidos do “Estadão”: “Diante de um Podemos completamente desestruturado e, na maioria das vezes, opositor do próprio prefeito na Câmara Municipal, o PSD é uma possível força política que pode se apresentar como alternativa nas próximas eleições ao Executivo”.

É de se rir. O PSD não fez nem um vereador, perdeu a eleição na sua coligação para prefeito e o Podemos, como já adiantei, fez o maior número de votos em legenda das eleições de 2.024 (mais de 9 mil votos em cerca de 44 mil votos válidos), colocando na câmara 4 vereadores em 13.

O espetáculo de barrigadas segue adiante e, com espaço no jornal, os doutores se empolgam e vão além na imaginação do que seria o cenário política em Vilhena: “Um caso curioso é o da vereadora professora Vivian Repessold (PP), opositora do atual mandatário do município, ela pode deixar o PP para se filiar ao PT com a promessa de ser candidata à prefeitura em 2024”.

Resultado na vida real: a tal vereadora não se filiou ao PT, não foi candidata a prefeita e não se reelegeu, diminuindo sua votação em relação ao pleito anterior.

Mas será o Benedito? Os doutores devem estar sendo perseguidos “politicamente” pelos fatos, não é possível que em uma só frase tivessem feito tanto esforço para soçobrar em previsões furadas. Infelizmente tais conclusões foram parar no “Estadão” e foram repetidas em diversos meios de comunicação em nosso estado de Rondônia, inculcando nos menos atentos uma visão deturpada da realidade.

Continuemos.

“Some-se a esta conjuntura, o descrédito popular com a atual administração. Frequentemente o prefeito é considerado inábil nas relações com os vereadores e lideranças populares. Num momento de recomposição de forças, as dificuldades de traquejo político tendem constantemente a atrapalhar o atual mandatário”, cravaram com dureza e certeza os articulistas-doutores da Universidade Federal do Acre.

E arremataram dizendo que “nesse contexto, a família Donadon pode ganhar politicamente, inclusive, com boas chances de retornar ao poder em 2024”.

Ao final da contagem dos votos, na qual o prefeito Flori concorreu justamente contra uma “Donadon”, o “descrédito popular” e as “dificuldades de traquejo político” somados ao perfil de uma pessoa “inábil nas relações com os vereadores e lideranças populares”, deu no que poderia dar, ou seja, em um histórico e nunca antes alcançado percentual de 74,43% dos votos para… o inábil, o desacreditado, Flori.

Mas quanta teimosia dos fatos em desdizer os doutores!

Esperei uns dias para ver se viriam eles com novo texto no “Estadão”, mas foi em vão. Da mesma maneira, não creio que virão com pedido de perdão ao público por tão elevado número de itens escritos e publicados sem conexão com o mundo real pelos nossos especialistas. Mas deveriam, senão me dou direito de pensar que, como disseram por aí, quando a incompetência é muita, não é só incompetência.

 

Por: Flori Cordeiro, atual prefeito da cidade de Vilhena, Rondônia.

sicoob

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