quarta-feira, 14 de maio de 2025.
Posto Miriam

ARTIGO: Uma em cada 31 crianças é autista – o que essa nova realidade revela sobre a nossa sociedade?

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Terreno
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Imagem: Reprodução

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, divulgou recentemente um dado que está mexendo com as estruturas de muitas famílias e instituições: atualmente, 1 em cada 31 crianças de 8 anos é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Esse número representa um aumento expressivo em relação aos anos anteriores — e, mais do que uma estatística, escancara uma realidade que pede atenção, empatia e ação coletiva.

Mas o que está por trás desse crescimento? É o mundo que está mudando, ou estamos finalmente aprendendo a enxergar o que sempre esteve diante de nós?

A resposta não está em uma única causa, mas em um somatório de fatores. O aumento no número de diagnósticos não significa, necessariamente, que há mais crianças nascendo com autismo, mas que estamos evoluindo na nossa capacidade de perceber, acolher e nomear o diferente. A maior conscientização, o avanço da ciência e, principalmente, a coragem de milhares de pais e profissionais que decidiram romper o silêncio têm permitido que mais crianças sejam vistas em sua individualidade — e não ignoradas por trás de um comportamento incompreendido.

Como nutricionista e fundadora do grupo Pais Que Nutrem, posso afirmar com convicção: a informação liberta, e o acolhimento transforma. O diagnóstico precoce é uma das ferramentas mais poderosas que temos. Ele permite intervenções personalizadas desde os primeiros anos de vida — o que pode significar avanços significativos em comunicação, socialização e autonomia. No entanto, o diagnóstico é apenas o ponto de partida. O que sustenta o florescimento dessas crianças é o que vem depois: o suporte real, constante e amoroso.

Infelizmente, ainda há muitos muros entre o diagnóstico e o cuidado pleno. Há pais que demoram a buscar ajuda por medo do rótulo. Há escolas despreparadas, profissionais que ainda não sabem lidar com a diversidade neurológica e olhares que julgam mais do que acolhem. Vivemos, ainda, em uma sociedade que considera “normal” um modelo único de comportamento e desenvolvimento — ignorando o fato de que a verdadeira humanidade se expressa na pluralidade.

Foi por isso que criamos o grupo Pais Que Nutrem: para que nenhuma família precise enfrentar essa jornada sozinha. Para que mães, pais, avós e cuidadores encontrem não apenas orientação prática, mas também um lugar de escuta, empatia e fortalecimento mútuo. Porque nutrir um filho com autismo vai muito além do que colocamos no prato.

Nutrir é escutar o silêncio, é entender os gestos, é respeitar os limites e celebrar as pequenas conquistas. É transformar o lar em abrigo e o amor em ferramenta terapêutica. É compreender que, por trás de cada desafio, existe uma criança com um mundo interno rico, complexo e cheio de potencial — apenas esperando um ambiente fértil para florescer.

Essa nova estatística não deve ser motivo de medo, mas de movimento. Um movimento que envolva famílias, escolas, profissionais de saúde, igrejas, empresas e o poder público. Porque, se 1 em cada 31 crianças está no espectro autista, todas as demais — as outras 30 — precisam aprender a conviver, acolher e incluir.

O futuro será construído não pela padronização, mas pela capacidade de integrar e valorizar cada singularidade. O autismo não é um fim — é um convite. Um convite à escuta, à presença, à reinvenção do que chamamos de normal. Um chamado para sermos, todos, mais humanos.

Porque, quando pais se unem, filhos florescem. E, quando a sociedade se compromete, ninguém fica para trás.

Keila Geremia
Nutricionista Integrativa e fundadora do grupo de apoio familiar Pais Que Nutrem.

Link do Grupo: https://chat.whatsapp.com/BkwfX91WTib7qDldFIWslg

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