
Você já sentiu fome logo após comer? Já desejou um doce sem nem estar com o estômago vazio? Já “beliscou” alguma coisa só para preencher um vazio emocional?
Esses episódios não são coincidência. Nem sempre comemos por necessidade física. Muitas vezes, comemos para silenciar o que não conseguimos nomear: solidão, cansaço, ansiedade, culpa — ou simplesmente a ausência de pausa.
O problema é que, enquanto acreditamos estar no controle, muitas vezes estamos sendo conduzidos — e até manipulados.
Vivemos numa era em que o apetite se tornou um alvo comercial. A indústria alimentícia investe bilhões todos os anos para entender o comportamento humano, ativar gatilhos cerebrais e desenvolver produtos que geram dependência. A comida deixou de ser apenas sustento. Tornou-se uma ferramenta de manipulação.
Quando alguém controla a sua fome, passa também a controlar suas emoções, decisões e, em última instância, sua saúde.
A chamada “fome emocional” é silenciosa e disfarçada. Ela aparece no meio da tarde, no intervalo entre tarefas, nas noites solitárias, nos domingos vazios.
Ela pede comida calórica, doce, gordurosa ou crocante — nunca frutas, legumes ou água.
Ela quer alívio. Quer recompensa. Mas jamais se satisfaz.
E é aí que mora o perigo: quanto mais alimentamos esse ciclo, mais o corpo se desregula.
Hormônios como insulina, grelina e leptina — responsáveis por regular a fome, a saciedade e a energia — passam a funcionar de forma confusa. O que era um hábito esporádico vira um padrão crônico. O corpo adoece. A mente se cansa. A alma perde o brilho.
Mas há uma saída. E ela começa com consciência.
Voltar a reconhecer os sinais verdadeiros da fome, diferenciar vontade de necessidade, sair do piloto automático e questionar os próprios padrões é um passo revolucionário.
Cozinhar, planejar, comer sem pressa, escutar o próprio corpo e rejeitar os excessos do industrializado é mais do que autocuidado: é um ato de liberdade.
Não se trata de perfeição — e sim de presença.
Não é sobre nunca comer um doce — mas sobre não ser refém dele.
A indústria lucra com a nossa pressa, distração e culpa.
Mas quando passamos a enxergar a comida como ponte, e não como fuga, descobrimos um novo tipo de nutrição: aquela que fortalece, equilibra e respeita.
Porque quem controla a sua fome, controla você.
Mas quando você retoma esse controle, também reconquista sua autonomia, sua energia vital e sua saúde integral.
Dra. Keila Geremia – Nutricionista Integrativa
Instagram: @drakeilageremia











