
Vivemos em uma sociedade que exalta a juventude, a produtividade e a aparência. No entanto, há uma realidade inevitável que todos enfrentaremos — o envelhecimento. A grande pergunta é: estamos realmente preparados para ele?
Em Rondônia e em todo o Brasil, os números são claros: a população idosa cresce em ritmo acelerado. Mas junto com a longevidade, cresce também um fenômeno mais silencioso — a solidão, o abandono e a invisibilidade na terceira idade.
Envelhecer não dói apenas no corpo — dói, principalmente, na alma. Dói quando os filhos não ligam. Quando os netos só aparecem em datas festivas. Quando a única voz que se ouve durante o dia vem da televisão.
A terceira idade, que deveria ser o tempo da colheita, muitas vezes se transforma no tempo do silêncio.
Em conversas com idosos da nossa região, uma frase aparece com frequência:
“Parece que deixei de ser útil para o mundo.”
Mais idade, menos cuidado?
Enquanto a expectativa de vida aumenta, a qualidade de vida nem sempre acompanha. Muitos idosos enfrentam doenças crônicas sem o acompanhamento adequado, tomam medicações de forma desordenada e lidam com uma alimentação precária — especialmente os que vivem sozinhos ou em comunidades mais isoladas.
A saúde na terceira idade exige muito mais do que remédios. Ela demanda escuta, presença, afeto e, sobretudo, prevenção: alimentação equilibrada, movimento diário, suplementação quando necessário e vínculos afetivos fortes.
Quem cuida de quem cuidou de nós?
Essa é a pergunta que deveria ecoar em cada lar, igreja, posto de saúde e coração.
Pais e avós que deram a vida por nós agora caminham mais devagar — mas ainda precisam de companhia para caminhar. Precisam ser ouvidos, valorizados, respeitados. E nós, como sociedade, como filhos, como netos, temos esse papel.
Cuidar de um idoso é mais do que um gesto de amor — é uma forma concreta de honrar a própria história.
Envelhecer com dignidade: um direito e uma escolha coletiva
A velhice não deve ser vista como um fim, mas como uma etapa rica em sabedoria, memória e ensinamento. É urgente mudar o olhar que enxerga os idosos como um “peso”, para vê-los como fontes de conhecimento e humanidade.
No interior de Rondônia — e em tantas outras regiões — quantos saberes se perdem por falta de escuta? Quantas receitas, histórias, orações e lições morrem com aqueles que ninguém teve tempo de ouvir?
Preservar a memória viva dos mais velhos é também preservar a identidade de um povo.
Se você tem um idoso na família, vá até ele hoje. Ligue. Visite. Esteja presente.
Ouça com atenção e com o coração.
E se você é esse idoso — saiba que ainda há tempo para plantar vínculos, renovar propósitos e cuidar de si com dignidade e amor.
Envelhecer é inevitável. Ser abandonado, não deveria ser.
Há dor em ser esquecido!
Keila Geremia – Nutricionista Integrativa











