A Assembleia Nacional da França votou nesta terça-feira (26) contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, com 484 votos contrários e 70 favoráveis.
Apesar de não ter força de lei, a votação sinaliza a forte resistência de alguns países europeus ao tratado – também a Polônia votou ontem contra o acordo.
Entre as principais críticas dos franceses, destacaram-se as questões relacionadas à carne brasileira. Parlamentares levantaram dúvidas sobre a qualidade do produto, comparando-o de forma negativa com a produção local. O deputado Vincent Trébuchet afirmou que “nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo”. Já a deputada Melanie Thomin disse que o acordo seria “tóxico” para os consumidores franceses, uma vez que “hormônios são usados impunemente [na pecuária] no Mercosul.
Em resposta às críticas, o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, defendeu a qualidade e sustentabilidade da produção brasileira. Ele destacou o compromisso do país em seguir práticas ambientalmente responsáveis, buscando reforçar a posição do Brasil no mercado internacional.
O tratado, que inclui cotas de importação que representariam uma pequena parcela do consumo europeu, também foi alvo de preocupações sobre possíveis instabilidades no mercado francês. O Senado da França ainda deve discutir o tema, enquanto o governo brasileiro acredita que o acordo seja formalizado na semana que vem, em Montevidéu, no Uruguai, durante a reunião de cúpula do Mercosul.
A votação também trouxe à tona debates mais amplos sobre acordos de livre-comércio. Alguns deputados defenderam a revisão de outros tratados comerciais vigentes. A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, expressou oposição ao acordo, mas destacou os laços históricos entre a França e os países da América Latina como um fator relevante a ser considerado.