sexta-feira, 05 de dezembro de 2025.

Governo Lula sofre primeira derrota na CPMI do INSS após articulação do deputado federal Coronel Chrisóstomo

Governo Lula sofre primeira derrota na CPMI do INSS após articulação do deputado federal Coronel Chrisóstomo
Deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) Foto: Divulgação

O Governo Federal sofreu, nesta quarta-feira (20), sua primeira derrota na CPMI do INSS. A presidência da comissão ficou com o senador Carlos Viana (Podemos-MG), e a relatoria com o deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

A articulação foi conduzida na noite anterior pelo deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), com apoio do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-EJ), em reunião no Partido Liberal que começou às 20h e seguiu madrugada adentro.

Chrisóstomo propôs e articulou a estratégia de apresentar dois nomes da oposição para os cargos. A decisão foi levada em votação minutos antes da instalação da CPMI. O movimento contrariou a escolha feita pelo Governo, que havia indicado o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO). Ambos não assinaram o requerimento e eram contra a criação da comissão.

Segundo Coronel Chrisóstomo, a escolha dos governistas tinha como objetivo “blindar” a CPMI. Ele questionou a legitimidade da indicação: “Será que o presidente indicado pelo Governo será eleito? Ou poderemos ter surpresa?”. Ele lembrou que a eleição é prerrogativa dos membros da comissão, e que o relator é definido pelo presidente eleito.

A CPMI terá 180 dias para investigar os descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Chrisóstomo afirmou que o foco precisa estar nos idosos e nas pessoas com deficiência, principais prejudicados. “O primeiro passo é identificar os responsáveis e puni-los de forma exemplar”, disse. Ele acrescentou que já tem uma lista de convocados para prestar depoimento, mas não revelou os nomes.

O deputado também rebateu versões sobre a origem das fraudes. Ele destacou que o problema começou em 2011, durante o governo Dilma Rousseff, e não em 2019. Chrisóstomo defendeu a gestão Bolsonaro, que tentou barrar as irregularidades por meio de medida provisória rejeitada pelo PT. Segundo ele, as perdas dobraram em 2023 e triplicaram em 2024, somando R$ 6,4 bilhões em seis anos.

Chrisóstomo defende que a comissão busque soluções legislativas e uma reformulação no INSS. Ele sugeriu até a criação de um novo instituto, com maior capacidade de atendimento. “O INSS, do jeito que está, não chega até o beneficiário”, afirmou.

A derrota na CPMI repercutiu no Palácio do Planalto. Logo após a votação, o ministro Alexandre Padilha e o líder José Guimarães acompanharam o presidente do PT, deputado José Guimarães, e o líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, em reunião no Palácio da Alvorada com o presidente Lula. O encontro não estava previsto na agenda.

Na avaliação de Coronel Chrisóstomo, a instalação da CPMI abre uma disputa política que se estenderá pelos próximos seis meses. “Estou tranquilo para enfrentar uma batalha. Não vai ser fácil”, disse.

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